A história da feira se confunde com as origens da vila de Caruaru. Na região hoje conhecida como Marco Zero, onde fica a igreja de Nossa Senhora da Conceição, a vila cresceu ao redor da feira que já existia no entorno do poço Cururu, ponto de encontro para viajantes que vinham tanto da Paraíba quanto do sertão de Pernambuco. Em 1857, já conhecida pela sua feira, Caruaru foi a primeira vila do interior do estado a ser elevada à categoria de cidade.
Foi em comemoração ao centenário da cidade que Luiz Gonzaga lançou em 1957 o compacto “A feira de Caruaru”, que trazia no “lado A” a famosa canção composta por Onildo Almeida. O disco vendeu mais de cem mil cópias e tornou a feira de Caruaru famosa em todo o Brasil.
]]>Poética, a rua serviu deinspiração para o poeta e compositor Carlos Fernando, que compôs a música Rua da Matriz. Musicada pelo cantor Geraldo Azevedo, a música faz parte do álbum Crônicas Musicais de Caruaru, produzido por Carlos Fernando em homenagem aos 150 anos do município.
“No botequim do Barbosa
Na rua da Matriz em Caruaru
Eu conheci a metáfora
Dos renascentistas e os gênio chaplinianos
Da cultura acesa e um agreste nu”
(trecho de “Rua da Matriz” – Geraldo Azevedo/Carlos Fernando)
A Sorveteria Lira, o Bar e Sinuca do Barbosa Treme Treme e o Café Rio Branco eram lugares tradicionais da cidade, que, durante as décadas de 40 e 50, abrigavam desde da classe alta até as famílias tradicionais, servindo como point de entretenimento e diversão para todas as tribos.
Segundo o historiador Walmiré Dimeron, o Café Rio Branco reuniu músicos, poetas, escritores, jornalistas que discutiam assuntos diversos e movimentavam a atividade intelectual de Caruaru. O café fechou em 2013. Uma tradição da rua era o desfile de sete de setembro. Na data, estudantes e moradores se reuniam para prestigiar o desfile que parava a cidade.
A primeira casa modernista de Caruaru foi construída na Rua da Matriz. Na época, a casa era uma atração e símbolo de riqueza. Ela pertencia ao comerciante José Vitor de Albuquerque e foi o início da modernização da cidade.
A rua também foi ponto de encontro para os fiéis da cidade, já que em 18 de agosto de 1948 a Paróquia Nossa Senhora das Dores foi inaugurada e passou a reunir os católicos em missas, batismos e casamentos. Na época, Dom Paulo Hipólito de Souza Libório era o bispo da cidade. Após a construção da igreja, a Prefeitura da cidade, que funcionava no prédio ao lado da igreja, cedeu o espaço para que o bispo morasse nela. Atualmente, o prédio é conhecido como o Palácio do Bispo.
Hoje, a rua ainda é um dos pontos mais centrais de Caruaru. A atual Avenida Rio Branco está tomada por lojas, farmácias e óticas. A igreja ainda está no mesmo lugar, assim como o Palácio do bispo. O Café Rio Branco, a Sorveteria Lira e o Bar do Barbosa Treme Treme agora são só lembranças.
Endereço:
Avenida Rio Branco.
Bairro Nossa Senhora das Dores
Caruaru – PE
55002-506
A Confraria da Sucata é um dos estabelecimentos mais antigos de Caruaru, criado em 1950 por Pedro Lourenço Vasconcelos. Ela foi repassada para o seu filho pedro Lassere, que posteriormente passou para o seu filho Byron Lasserre. O estabelecimento, que costumava reunir um público fiel para confraternizar no local, criou vínculos afetivos que posteriormente foram transformados em festa. O Bloco Confraria da Sucata surgiu em 1998, por inspiração das histórias, reuniões e festejos que a Confraria da Sucata proporcionou à Caruaru, na época, com quase 50 anos de história.
A primeira edição que reuniu de 100 a 200 pessoas, se transformou em uma festa que hoje distribui polos e palcos ao redor da Rua João Confé, em um dia de festa que traz gente de todas as cidades do Agreste. Mas, apesar de hoje ser o único festejo carnavalesco de massa em Caruaru, o Carnaval da cidade tem muita história além do Bloco da Sucata.
De acordo com Frank Junior, pesquisador Caruaruense, na década de 20, por exemplo, já existiam festividades carnavalescas em Caruaru, que só duravam até o início da noite, pois na época a cidade ainda era iluminada por lampiões. O Mestre Tota, um dos mais antigos foliões da cidade, revelou em entrevista para o Jornal Vanguarda que as festas aconteciam na rua da Matriz, Praça Henrique Pinto e rua Vigário Freire.
Também de acordo com Frank, na década de 50 o Carnaval da cidade era impulsionado por aparições de figuras folclóricas como “O Vereador Bode Cheiroso”, o “Zé Pereira”, “A Rainha do Carnaval” e o “Rei Momo”. O carnaval da cidade tinha suas figuras de autoridade, como o Rei e a Rainha da festa, que eram esperados no centro da cidade vindos de trem ou de automóvel.
Com o passar do tempo, algumas dessas tradições foram se tornando mais rasas na memória das pessoas, mas o Bloco Confraria da Sucata, todos os anos, antecede os festejos de Carnaval, relembram ao povo de Caruaru que aqui também é lugar da festa.
Endereço:
Avenida Rio Branco.
Bairro Nossa Senhora das Dores
Caruaru – PE
55002-506
Referências: JUNIOR, Frank. Carnaval em Caruaru: Da origem aos foliões – parte 1. Disponível em: <https://medium.com/a-ponte/carnaval-em-caruaru-da-origem-aos-foli%C3%B5es-parte-1-4ef5e1e141db>. Acesso 15/04/2019.